Sobre rejeição e autoestima

Elsa Villon
3 min readFeb 13, 2024

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Não importa o quão seguro você seja, ao primeiro sinal de rejeição, sua autoestima vai para o vinagre. Não necessariamente uma rejeição amorosa, mas ela também.

No meu caso, não foi bem isso o que aconteceu. Em outubro, eu embarquei rumo à publicidade, área destoante da minha formação, porque surgiu uma oportunidade de emprego e eu achei que poderia dar certo. Spoiler: não deu. Não sei se isso é bom ou ruim, mas eu nasci jornalista.

Conhecer pessoas, analisar dados, estruturar histórias, elaborar narrativas. Eu preciso desse espaço que não é resumível a um tweet ou uma chamada de slogan. Resumindo: declaro encerrada minha tentativa no meio da publicidade.

Não, sem é claro, tomar essa chulapada na autoestima. A gente que trabalha com texto, acha que está apto a escrever sobre qualquer coisa. E está, mas isso demanda tempo. Leva tempo para conhecer as vontades dos clientes, suas necessidades e o que faz sentido dentro daquela marca. Tempo esse que não foi suficiente.

Eu aprendi algumas coisas nesse processo:

1 — Eu simplesmente não gosto de trabalhar com redes sociais com uso único para a publicidade;

2 — Meu repertório era destoante às necessidades dos clientes que eu atendia;

3 — Meus textos demandam tempo, tanto para serem produzidos quanto para serem consumidos.

Nada contra a publicidade: eu até tentei. Mas isso não é bem para mim. Marketing, se não for de causas, realmente não me interessa muito. Eu quero exatamente o que queria em 2007, quando iniciei o curso de jornalismo: transformar a vida das pessoas por meio do meu trabalho. Nem que seja de uma única pessoa.

Pensand nisso, estou em processo de decantação da rejeição e recalculando rota. O que quero profissionalmente para os próximos cinco anos? Também elaborei uma lista, pensando na organização das ideias como metodologia para apaziguar a ansiedade:

1 — Concluir a pós em Jornalismo de Dados, Automação e Data Storytelling para ter mais segurança ao tratar e abordar dados nos conteúdos produzidos por mim;

2 — Ampliar meus conhecimentos em Python e automação, pensando em otimização da minha rotina em produção de conteúdo;

3 — Ter um trabalho que me agregue como indivíduo, o que eu acredito estar no terceiro setor.

Fui demitida na véspera do carnaval e passei os quatro dias com a mente borbulhando, pensando em como seguir daqui para frente. Tudo bem, eu não sou uma publicitária, mas eu sou uma boa jornalista. Aliás, eu sou uma excelente jornalista. Muitos textos vinham do cliente sem correções de vírgulas, eu tenho uma enorme capacidade de produzir grandes reportagens e mais de 7 anos de experiência em terceiro setor e políticas públicas. Como me realocar no mercado de trabalho pensando nesses pontos? Mais uma lista, porque sim, eu tenho TOC:

1 — Atualizando todos os canais de empregos que eu conheço, reforçando os meus pontos positivos;

2 — Acionando minha rede de contatos profisssionais e informando que estou disponível para novas oportunidades de emprego;

3 — Focando nas vagas de terceiro setor, que é exatamente onde quero trabalhar.

Já estou em alguns processos seletivos, tenho algumas semanas de aviso prévio para cumprir, mas vamos em frente. A autoestima logo volta para o lugar dela e eu sempre penso de onde vim e para onde vou. E eu estou indo. Entre rotas recalculadas e buscando atalhos, eu estou em constante movimento.

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