Não tenho tempo para sofrer por isso
Amadurecer, ao meu ver, funciona basicamente de duas maneiras: o peso que você dá para as coisas e o tempo que dedica a elas.
Cada primavera a mais conta e embora muita gente me ache exagerada, eu senti bastante as mudanças no corpo após os 31. E tenho plena ciência de que vai ficando cada vez pior.
As noites em claro já não são como antes e seu corpo e sua mente sentem mais. Ressaca nem se fala. Isso para não mencionar a coluna e os joelhos. Colágeno é um capítulo à parte: não importa quão magro você seja, a flacidez do pescoço vai te dar uma papada.
Mas tem a parte boa: a tal da maturidade. E, como disse, a gente aprende a dar o devido peso às coisas. Exemplo: aos 22, um namorado terminou o namoro comigo do nada. Eu sofri um ano inteiro. Mais do que isso, entrei em depressão. Hoje, honestamente, acredito que sofreria um mês e vida que segue. O relacionamento afetivo não é um dos pilares que sustenta a minha vida. Pode parecer frio e até racional, como minha psicóloga sempre costuma dizer que eu sou, mas é a verdade. Relacionamento é complemento, eu já sou completa. Não existe metade da laranja: toda laranja nasce inteirinha no pé.
Já em relação ao tempo que dedicamos às coisas, isso ainda me pega. Eu odeio perder tempo, porque é uma das coisas que não se recupera. O um ano que eu passei deprimida e sofrendo pelo meu ex não volta mais.
Uma das coisas que mais me tira do sério é gente que me faz perder tempo. Meu tempo é meu bem mais valioso e quando eu dedico a alguém, é porque eu realmente me importo. (Fica a dica: se eu já despendi algum tempo contigo, é porque eu te considero muito).
Por essas duas razões o título é autoexplicativo: não tenho tempo para sofrer por isso. Existem coisas que realmente eu escolho sofrer: a morte da minha mãe, da minha avó, dos meus bichos. Outras, me dou um prazo para só sofrer até um determinado dia.
Já ouvi diversas vezes que isso é racionalizar demais os sentimentos, pular etapas do luto, reprimir o que sente. Eu discordo. A vida é curta demais para tornar algumas coisas maiores do que elas são e para perder tempo sofrendo por isso. Simples demais? Pode ser.
Pode ser também que daqui um ano eu pense completamente o oposto. Acho que é o terceiro ponto da maturidade: se entender como alguém inconstante, buscando sempre a melhor versão de si mesmo. Exceto pela a coluna. E o colágeno.